A safra de trigo de 2023 apresentou inúmeros desafios para os agricultores do Sul do Brasil, devido ao histórico El Niño que trouxe temperaturas e precipitações muito acima da média. Em setembro, a região registrou volumes acumulados de até 900 milímetros, suficiente para toda a safra. Essas condições climáticas resultaram em alta incidência de doenças como giberela, brusone da espiga e estria bacteriana, além de germinação na espiga, reduzindo a produtividade e a qualidade dos grãos.
Para a safra de trigo de 2024, é crucial que os agricultores se atentem a três principais fatores: conhecer a qualidade das sementes, realizar o tratamento das sementes e seguir boas práticas de semeadura.
Análise da Qualidade das Sementes e Tratamento
O fungo Fusarium graminearum, historicamente presente em sementes de trigo, apresentou uma incidência de 80 a 90% em alguns lotes para a safra de 2024. Esse fungo pode causar podridão de raízes, prejudicando a germinação e a nutrição das plantas, com potencial de reduzir o rendimento em até 20%. A principal estratégia de controle é o tratamento químico das sementes utilizando fungicidas, como tiofanato-metílico, eficaz no controle do Fusarium.
Conhecimento dos Lotes de Sementes
Devido aos impactos da safra passada, a qualidade fisiológica das sementes também foi afetada. A legislação brasileira exige níveis mínimos de 98% de pureza e 80% de germinação, o que significa que a cada 100 sementes, apenas 78 serão viáveis. Para garantir o estabelecimento adequado das plantas, é necessário ajustar a quantidade de sementes por hectare, compensando os níveis de pureza e germinação reduzidos. Por exemplo, para uma cultivar com peso de mil sementes de 34 gramas, o produtor deve utilizar 122 kg/ha de sementes para garantir 50 plantas finais por metro linear.